06/05/2007

Teoria da Inutilidade

O mundo poderia parar de girar de vez em quando. Ele não para, eu não paro, nada fixa, tudo muda o tempo todo. O concreto faz barulho! O tijolo estala! A água da chuva cai na lona da construção. Se parar pra ouvir, tudo diz alguma coisa. Cada louco escuta uma fração desses inúmeros sons. Se por alguns minutos se ficar parado no meio da mata pode-se escutar tudo (os sons da natureza) e nada (ninguém) ao mesmo tempo. O tesouro precioso do silêncio. Calam-se os infames, os imbecis, os que se pensam super e os comuns, para nada mais se ouvir. Tempo de nada dizer a ninguém e dizer tudo para si. Contar seu conto, narrar a própria história. Tempo que muitos podem ver como do ócio, um tempo que parece inútil, mas que nesse tempo se contrói o castelo de dentro para fora, a pilha de tijolos que vai erguendo e dando forma as paredes do castelo interior. E depois o tempo de deixar extravasar o mundo construído para o mundo do vivido. Poucos minutos que podem se prolongar por muito, dependendo dos usos que se faça deles. Um tempo de fazer-se no tesouro do silêncio.