26/09/2007

A fuga do Tempo

Que tempo é esse em que tudo se virtualiza e a tecnologia passa a ser indispensável ? É um tempo que impõe o sistema e induz a interagir. É então, um espaço intemporal, um “espaço de fluxos” em que a representação toma forma e a cultura se virtualiza ao ponto de haver a possibilidade de o objeto substituir o real. Há uma velocidade de escape que se intenta alcançar continuamente de forma até vertiginosa. É uma realidade cultural cada vez mais moldada pelo ciberespaço, um espaço imaginário que existe unicamente dentro da rede. De virtualidades reais em que tudo se torna presença e fraca lembrança no tempo que escapa. O tempo foge e tentamos em vão agarrá-lo pelos cabelos, mas de nada adianta se ele agora é calvo. Ele só angustia pelas inúmeras informações não lidas, pela caixa de e-mail lotada e a necessidade de deixar de lado informações que parecem inúteis, sem que se massacre a consciência na insistência de acompanhar o tempo. Esqueça, quando as coisas te fogem, não ouse acompanhá-las, pare para compreendê-las. É disso que a comunicação hoje precisa, de reflexão, e não velocidade e mais fragmentação (para produzir um sentimento de acompanhamento do fato). Não estarás salvo por pensar (só pensar não te dará soluções prontas, o agir também se faz necessário depois que encontrares a resposta), mas ao menos te apontarás o caminho.

15/09/2007

"Manual do amor": filme sobre as venturas e desventuras do Amor

À prova do que se perdeu, muitas vezes, o coração que devia disparar ao simples vislumbre de algo, simplesmente não bate. O filme mostra o amor e suas fases, ilustradas em 4 história de amor, claro, que se passam com os protagonistas. A primeira mostra a paixão, a conquista, o enamorar-se. E as outras mostram as dificuldades, a falta de entusiasmo em se projetar no outro, a traição e o abandono em que não mais se percorre os ladrilhos do infinito. O diretor Giovanni Veronesi, trata o amor com humor, lirismo e genealidade. "Manual do amor" é um filme gostoso de assistir, um delicioso relato que nos faz sentir, rir e, se tanto, refletir sobre o amor. São histórias que poderiam ser vividas por quaisquer um de nós e que ainda trazem a peculiaridade da pacionalidade dos italianos (meus compatriotas por descendência). Um busca em que a alma várias vezes sente vontade de lágrimas. Em que busca por algo perdido. Uma chama, que antes deixava um brilho em seus olhos. A fonte de seu labor, tristeza e pezar, é procurar por um amor esquecido no tempo. Viver na espera de reencontrar no outro o que há em si mesmo. E seguir à luz do reflexo de uma céu cheio de nuvens e cinza, que não se mostra. Viver à sobra, no esquecimento do próprio conhecimento do porquê da dor. E no limiar de tudo, se perde o rumo. Segue no parapeito da janela, equilibrando-se, para não cair por entre os carros lá em baixo. E no âmago do desespero amoroso, pouco falta para a visão se cansar de olhar o mundo. Os ouvidos se cansarem de escutar os ruídos de tudo. As narinas se enojarem pelos cheiros. E todos os sentidos se perderem. Tudo isso, são meros vislumbres, formulações de imagens reversas que não passam de reflexos da realidade. Como disse Fernando Pessoa na voz de Bernardo Soares no livro do desassossego: "Entre mim e a vida há um vidro ténue. Por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não posso lhe tocar." Somos os cacos de vidros que se espalham pela sala. E seguimos tentando, remendar os cacos partidos; certas vezes, estilhaçados, como se essa fosse a única coisa que nos restasse. É por isso que, muitas vezes, cegos nossos olhos andam sobre nuvens. Até que, nos pés cansem de não tocar o chão e sentir seu peso. E que seja descoberto o amor por tudo e em tudo, no seu retorno. Não mais nos queimamos na chama incandescente que emanamos e aos outros somos capazes de com ela contaminar. Assim somos, vivemos, amamos e perseveramos. Dizem ser a esperança a última que morre e então seguimos a caminhada, mesmo com os cadaços desamarrados ou os pés desnudos. E um dia o amor pode vir bater em nossa porta ou esta em nossa cara. O desafio de tentar descobrir nos é lançado. A resposta só encontra quem ousar arriscar.

12/09/2007

Concretismo do tempo

O velho passa.
A rua pisa.
O papel amassa.
Olha o relógio.
O atraso se revela.
Vê o maluco na janela.
O que era casa.
Arranha o céu.
Pessoas são formigas.
E elas passam na calçada.
São pontinhos pretos,
Vistos lá de cima.
Se olham e não se vêm.
A janela se fecha.
E a linha da poesia,
Que se perde, não se traça.
E o tempo traça e passa.

06/09/2007

O quanto vale a água: como o Brasil lida com a questão da água

A ONU prevê que em 2050 mais de 45 % da população mundial não terá mais a porção mínima individual de água para suprir as necessidades básicas. 1,1 bilhão de pessoas, no mundo, não têm acesso à água doce no planeta. O Brasil, a Rússia, a China e o Canadá são os países que tem mais reservas de água no mundo, ou seja, os que estão em melhor situação em se tratando da questão hídrica. O consumo da água é maior nos países desenvolvidos, na Escócia são consumidos 410 litros de água por pessoa por dia, já no Brasil sé consumido 140 litros, mas a quantidade também varia por região no país.
Um estudo do IPCC-2001 na região Sul, Suldeste e Centro-Oeste. O estudo evidenciou que há uma redução na disponibilidade dos recursos hídricos. Os impactos disso serão sentidos na produção agrícola e na vazão dos rios, afetando os biomas. De acordo com a pesquisa, a quantidade de água total na Terra é distribuída de forma que 97,5% de oceanos e mares; 2,5% de água doce, sendo que 68,9% da quantidade geral de água doce formam as calotas polares, geleiras e neves que cobrem as montanhas altas da terra e os restantes 29,9% de água doce são de águas subterrâneas. As fontes de água são ricas, mas são mal distribuídas pela superfície do planeta, havendo um desequilíbrio dos recursos hídricos no globo. A água é fundamental para o desenvolvimento de algumas atividades o que conseqüentemente faz com que os locais com escassez de água tenham limitações maiores para seu desenvolvimento, como no Brasil se tem o caso da região Nordeste.
As águas no Brasil se encontram concentradas nas três grandes bacias hidrográficas do país: Amazonas, São Francisco e Paraná, nelas estão concentradas cerca de 80% da produção hídrica do país; bacias que cobrem cerca de 72% do território brasileiro. O abastecimento é o grande problema, já que há um grande crescimento das localidades e também uma redução da quantidade de água devido à degradação. Esses são problemas causados por uma série de fatores, como a poluição recorrente dos efluentes, dos afluentes tanto no meio rural pela atividade agropecuária quanto no meio urbano fruto de poluições industriais e domésticas, dentre outros fatores. Apesar de o Brasil ser um país em que tem uma riqueza de recursos naturais e a água parece não ser um problema, mas é uma questão que pode vir a ser uma questão preocupante, principalmente se o mau uso da água persistir.
O principal uso que o Brasil faz da água é na agricultura e aproximadamente 60% desta água é usada para fins domésticos, ou seja, importa bem o uso individual que fazemos da água, o nosso consumo de cada dia. Ao contrário do que imaginamos, apenas 15 % são usados para fins comerciais e só 13% nas indústrias. Desperdiçamos a água sem imaginar o quão caro este recurso pode ser em um futuro próximo. É fundamental que se tome medidas contra a poluição e contaminação das águas no país.
A água limpa disponível no território brasileiro é suficiente para as necessidades do país, mesmo com a degradação, mas não é uma situação que se pode manter como está. O Brasil é um país que não terá falta de água se o recurso for gerenciado, armazenado e tratado de forma adequada pelos governantes e pela população. É necessário, então que haja mais conscientização por parte da população no consumo e uso da água e, por parte do governo cuidar para que haja, um saneamento e abastecimento, adequados.

30/08/2007

Coragem, cão covarde!

Segue abaixo um trecho que fez com que mantesse a cabeça erguida, como dizem, por essa semana, aos trancos e barros, ela seguiu e já passou, ufá!

“I wandered lonely as a cloud/ That floats on high o’s vales and hills/ When all at once I saw a crowd”. "Vaguei solitário como uma nuvem/ Que flutua no alto sobre vales e montes/ Quando de repente vi uma multidão, / Uma grande quantidade de narcisos dourados”.

O poema de Wordswoth é a frase celebre do diálogo de Reinhard com Hower Diez da companhia Loew’s sobre a divulgação de “A Glória de um covarde”. Diez ainda ilustra e diz:

“Podemos ter uma nuvem, alguns vales e morros, e depois um punhado de narcisos”.

25/08/2007

Noite de insonia

Busco o embalo do sono, mas ele não chega.
O pensamento se enlaça em seus afagos, abraços e beijos.
Voa sentindo seu perfume entorpecedor.
Afogando-se em seus olhos,
Na troca de olhares profundos,
Em beijos doces pensados,
Um aterrando-se no abismo do outro.

Excitação alucinante, luxurias de pensamento
Jogo em que o sono se perde por completo
E o tempo passa, trotador.
Suspiros evidenciam que nada fica
se não a expectativa
E é só o alvorecer do próximo dia,
A mais um furtivo encontro
à memória do último.

O hoje se faz e persiste,
A mente já consolida o unívoco que se pensa.
Mas a insonia trancafiou o sono
em um comodo sem portas,
onde mora a fantasia.
E a imaginação se precipita,
para um novo dia.

23/08/2007

Reguee com paralelismo entre mente e espírito

Vibrações Rasta! É esse o nome do grupo de reguee que vive em um tempo paralelo ao que emerge e suga a todo vapor. As melodias são trancedentais para esse grupo e o socesso e o amor são as leis maiores desse grupo. Falam de toda efêmeridade que passa e falam que seu desleixo é fruto de seu desapego material. Futilidades são lembranças que não caem no esquecimento para eles. O mundo parece girar e eles falam como se a consciência de todos estivesse aprisionada. É uma crítica a este tempo, em que alguns (pelo visto o grupo Vibrações Rasta e seus seguidores...rsss)partem para um agir consciente, mas aos outros suas ações são estranhas. O universo com eles está em sintonia. Desface de suas armas porque sabe que delas não necessita perante o todo.

Confira o som deste e outros grupos de reguee do sul

22/08/2007

A.P Invented: Amebas no espaço

A.P Invented: Amebas no espaço
http://desciclo.pedia.ws/wiki/Ameba

Amebas no espaço

O que são amebas? - pensei. Bem, o dicionário biológico me diz que são protozoários do filo Sarcomastigophora e do sub-filo sarcodina. Mas o que isso diz das amebas, não é uma definição, é uma generalização, uma categoria a qual elas pertencem. Parto então para uma definição mas rasteira, um entendimento "tosco" e engraçado da biologia, talvez por um golpe de sorte, são protozoários desprovidos de flagelos ("rabo", "calda" etc).
A ameba se assemelha a uma gelatina e sua forma é irregular e diversa, ou seja, apresenta variações entre as espécies. As amebas não são todas iguais, existem amebas de água doce, de solos húmidos, etc. Ah!!! Então a ameba é meio gelatina que se movimenta, não tem rabo e vive em ambientes diversos, hahaha.
O que será que a ameba come? - me pergunto.
A si mesma que não é, acho que ela não gosta de gelatina, rss. Elas fagocitam o alimento pra dentro delas, ou seja, elas envolvem sua membrana, no alimento até que ele entre nelas. São os chamados pseudopodos, é como se elas comesse pelos pés, ecá!!! Se nossa digestão fosse como a das amebas, comeríamos direto pela barriga e não perderiamos tempo mastigando, hahaha.
Amebas fazem sexo como enzimas? Uma enzima da outra?-levanto a sobrancelha e digo, touché, nesta questão.
Creio que Deus negou as amebas também o direito de fazer sexo. Além de serem gelatinosas, feias e comerem pelos pés, são assexuadas, rsss. Nenhuma espécie de ameba faz sexo, elas se reproduzem dividindo-se a si mesmas, por mitose; é o mesmo que Adão fez, só que em vez de só tirar uma costela, a divisão é metzo a metzo (meio a meio); corta-se o bolo na metade e é metade pra lá metade pra cá e aí de você se quiser tirar um pedaço do meu bolo, por isso mesmo que cada um fica com o seu prato; as amebas se dividem ao meio, separadas por uma membrana, o que impede que a coisa toda se misture.
E porque será que eu fiquei me perguntando sobre amebas, você deve estar pensando. Bom, elas são organismos tão simples que não me surpreenderia se encontrassem amebas no espaço. Dominem o espaço amebas!!! Cuidado homens, talvez elas dominem o espaço mais rápido que nós e aí corremos o risco de sermos parasitados por amebas! Tururururu. Tururururu. (Música do Arquivo X)

Atenção: A autora não se responsabiliza por efeitos colaterais gerados pela leitura desse texto. Se a ameba do seu cérebro começar a se mexer ou resolver ir pro espaço, não me responsabilize, ninguém te mandou ler esse texto. Bom, pelo menos eu não mandei, rsss. Pro espaço você também! hehehehe

17/08/2007

Formiguinhas 4

O momento de contemplação não dura muito. A formiguinha escorregava do cadaço do homem e estava prestes a cair na grama, quando o cadaço passou por cima do ténis do homem e a formiguinha consegui subir.
O serviço já estava terminado e a grama toda cortada. O homem soltou um suspiro de alívio e seguiu para casa, mas a formiguinha continuava em cima do ténis.
Ela sonhava com um mundo novo, cheio de aventuras; um mundo além do jardim. A formiguinha passou a enxergar só um chão branco como algodão que passava depressa a seus olhos, de cima do ténis.
Gotas de agua começaram a cair pelo chão. O homem, parado perto da pia, bebia agua.
A formiguinha resolveu explorar esse novo mundo e ir rumo ao desconhecido. Ela foi cheia de esperanças de encontrar maravilhas, por ela jamais vistas. Ela não tinha idéia do que viria acontecer. Estava prestes a conhecer este mundo novo, quando uma sombra se fez sob sua cabeça e um peso enorme recaiu sob ela. Esmagada, ela gemia e se contorcia no chão branco.
A vista dela piscava e falhava. A morte se aproximava e ela sentiu uma brisa gélida, como um presságio de sua passagem. E assim, ela atravessou os portais do além, para o desconhecido.

9 - A formiguinha, parte 3 em : http://gustavocaran.multiply.com/

14/08/2007

Formiguinha parte 2

Um zumbido indefinido a amedrontou. Junto ao talo da planta a formiguinha só fazia chorar. E estava ela solitária, tão pequena e sujeita a desastres. Gotas de terra voavam em sua direção e a formiguinha não sabia para onde correr. Um clarão a fez parar. A luz era o sol reluzindo no metal que zumbia. A grama voava na direção da formiguinha que corria desnorteada. Que belo dia de sol ! - disse o homem que cortava a grama. A formiguilha só ouvia retumbar a voz e não entendia nada do que se passava. Vagava sem saber para onde ia. O barulho da lâmina começou a se aproximar mais e mais. E foi quando...

7 Formiguinhas 1 Parte e continuação em: http://gustavocaran.multiply.com/

13/08/2007

A bela imperfeição

Na penumbra, a figura de um negro, recurvado, ombros baixos, olhar fixo no tempo como prostrado. É a simplicidade impressa com vestimenta de algodão Nele se nota, para além da fisionomia, das rugas na testa, do cabelo grisalho, da barba, as veias vivas que saltam de sua pele. Saltam aos olhos o verde vivo, denso, sufocante, por detrás da figura. Todo esse verde compõe a figura do negro, como regionalizado e integrado em seu ambiente. A paisagem do quadro vai configurando-se com o movimento das águas que correm por entre as pedras, subtilmente, não jorram, escoam por debaixo das pedras. As matas na conjugação leve entre verde e amarelo, entre as folhas e aos seus pés um escuro, negro ao fundo dando um ar de profundidade, estendendo a paisagem que ali se configura. Surge outra figura. As vestes pesadas, escuras, em sua viscosidade e traço quase nada deixa à mostra, sobram as mãos e um dos braços fino, rosa, erguido. A figura parece sofrer nos traços sombrios, escuros. Os dedos postos sobre a testa, a cabeça tombada, os olhos fechados, como recolhidos no vôo do pensamento. Remete muito levemente a imagem do pensador, para fugir dela, quebrar com ela. A barba, os cabelos grisalhos, dignas de um sábio, um filósofo, um reflexivo tradicional e sofrido. Faz-se presente na riqueza de detalhes, de suas representações e imperfeições. É um contemplativo, representa uma face de si mesmo.

6 Segue-se o caminho dos imperfeitos: http://gustavocaran.multiply.com/

11/08/2007

O Andarilho

Vaga, caminhando pela trilha tortuosa que passa por trás da montanha, coberta pela vegetação; está distante da cidade, dos barulhos, dos aparelhos e dos automóveis e nada o impede de pensar e defrontar-se com seu eu, de se perguntar e se angustiar. Ele pensa que é como se fosse agora um dos cigarros de um maço qualquer nas mãos de um mendigo, sujo, fedido, entre seus trapos. É o cigarro sozinho, mas que tem dezenove companheiros dentro do maço. Ele é escolhido tirado de sua solidão para ser pego entre os dedos do mendigo que não vê a hora de dar aquela tragada, queimar o fumo até chegar ao filtro, e apagar sua brasa na calçada. Pensa então que é uma maneira pífia de findar seus dias, mas à mercê da solidão não há muito que ele possa fazer.
Encostado junto à parede o mendigo fuma e assopra a fumaça. Círculos vazios de fumaça que começam pequenos próximos a sua boca, seca e faminta, vão aumentando seu raio e se distanciando, crescendo e existindo até desfalecerem. A brasa do cigarro queimando espanta para o mendigo o frio da manha. O cigarro já na metade. Sua mente viaja, nela, ele sonha e divaga. Ele é um vagante das montanhas que pode contemplar o verde para além da trilha tortuosa, mas que se perde na angústia e se compadece de si mesmo por sua própria existência, fria e melancólica. E torna-se o cigarro que o mendigo escolheu e fuma. Está quase no filtro. A brasa já mais vermelha. O mendigo segura, com a ponta dos dedos, o cigarro pelo filtro, movimenta o braço em um trajeto reto até o chão. A aperta e roda-o com os dedos contra a calçada. Ele mesmo se apaga e dorme ao abraço doce da morte.

4 Os melhores se revelam! E a disputa continua: http://gustavocaran.multiply.com/

10/08/2007

Ritos fúnebres: a festa da morte

Via aqueles parentes desconhecidos como vultos, vagando pelo cemitério, vazio, às escuras. Todos mortos, em caixões enfileirados, sem ninguém para velá-los. Pensava em todas essas coisas, olhando para sua avó estirada, fria, pálida e roxa, exposta aos olhares de todas aquelas pessoas que ele mal conhecia. Algumas vinham de vez em quando e davam-lhe um tapinha de leve, nas costas ou nos ombros, dando pêsames. No enterro passavam pelas ruas próximas, como anunciando a morte dela. Dois homens passavam por perto e se perguntavam o que era aquilo.
- Quem será que morreu?- dizia o mais novo e mais curioso deles.
- Provavelmente alguém com muito dinheiro- falou o mais velho.
- Tem uma foto ali ô, é uma velhinha
- Ah! É só mais uma velhinha rica morta – o mais velho fazia uma cara de desprezo, de quem pouco se importa.
Atravessaram a rua, seguindo para o lado oposto ao da procissão fúnebre. O menino seguia ao lado do caixão. Andava cabisbaixo e, às vezes olhava para a foto da avó, lembrando das conversas que tinha com ela, da sua alegria, seus sorrisos espontâneos, seu jeito doce que o acolhia e, sentiu uma pontada no peito, uma dor intragável que travava sua garganta pelas lágrimas aprisionadas. Não choraria ali na frente deles, despejaria mais tarde toda sua tristeza, sufocando-a no travesseiro, sozinho no quarto. Recordava de que ela não queria nunca ficar sozinha, que gostava da companhia do neto. E, prometera a si mesmo que conversaria sobre seu túmulo. Traria para ela todos os tipos de rosas, suas flores preferidas; montaria um jardim de rosas ao redor de sua lápide. Enquanto o caixão sumia dentro da cova, rouxinóis cantavam, como se despedissem da pobre velhinha. Ficaria mais um pouco ali, até que quase todos tivessem ido embora, para velar por ela. Chegando em casa foi direto para o quarto. Não conversava com ninguém desde que tudo acontecera. Foi direto para o quarto, sem dirigir uma palavra a sua mãe que o olhava preocupada.
- Não vai querer comer nada, você deve estar com fome?
Subiu as escadas, mudo. Nem respondeu a pergunta da mãe, que franzia a testa. Foi direto para o quarto. Deitou de bruços na cama, estava cansado, mais não conseguia dormir, mirava as estrelas da janela, fixava os olhos no teto e tentava não pensar em nada. Os olhos, enchiam-se d’água, as lágrimas insistiam em cair, deslizando pela lateral da face, escorrendo até o lençol. Debatia-se sobre a cama, comprimindo a cabeça contra a parede e, em seguida, desatando a chorar sobre o travesseiro. Isso se deu sucessivas vezes, todo seu corpo doía. Ficou parado, olhando para o vazio. E depois de alguns minutos, fechou os olhos e adormeceu. Sonhava com seu funeral. Via-se em um caixão destampado, sendo velado por parentes, que próximo a ele, choravam e lamentavam sua morte como uma grande perda. Um velhinho de cabeça branca, que nem lembrava quem era, abraçava sua mãe dizendo: - Ele era muito novo, é mesmo uma pena ter morrido assim- sua mãe chorava mais, confundindo-se choro com soluços. Depois, todos saíram da sala. Dois empregados entraram, carregaram a tampa pesada do caixão, colocando-a sobre ele e o fechando lentamente. Escuridão, solidão e asfixia. Tudo é desconfortável. Ele sente movimentarem o caixão e, vai se debatendo, seu corpo colidindo com as paredes da caixa. Não conseguia se mexer, por mais que tentasse, estava paralisado.
É colocado ao lado da cova. As últimas palavras do padre, soam como uma sentença: - e ele entrará no reino dos seus. Dito isso, o caixão é deslocado lentamente para um buraco fundo e sombrio. Entra na cova onde permaneceria até a putrefação de sua carne, lesmas, minhocas, formigas e vespas passeariam sobre seu crânio, comeriam seus olhos, penetrariam em seus ouvidos, boca e nariz; andariam aos montes sobre seus corpo, infiltrando e comendo suas vísceras. Dois homens vão ficando suas pás à terra, e despejando-a sob o caixão. Ele só escuta um som seco, de algo caindo levemente na tampa acima dele. Tem como que uma dificuldade cada vez maior de respirar, pânico, desespero, queria gritar, mas sua voz sumira. Ninguém escuta o praguejar desesperado dos mortos, esta frase latejava em sua mente, martelava sua cabeça. Não conseguia mais respirar, o ar lhe era pesado, seus olhos não enxergavam nem mais a luz de seus olhos quando os fechava; nenhum ruído mais, só ouvia um silêncio velando as sepulturas. Era o fim, uma morte após a morte, uma maneira mais macabra e bisonha de morrer. Foi emergindo aos poucos para a luz, despertava lentamente, suas pálpebras foram se abrindo devagar. Abre os olhos e corre-os pelo quarto, fixou-os a janela, olhava para as estrelas. Pensava que sua avó poderia estar entre elas, uma lágrima escorre pela face.

3 O duelo continua: http://gustavocaran.multiply.com/

09/08/2007

Faz-se no paralelo do tempo

Tempo paralelo que emerge. Melodias passam no vento como lembranças que caem no esquecimento. Sorrisos que fazem e se desfazem. Desvio de olhares. Redemoinhos de paixão e de ódio. Viradas do tempo que não cessa em um ardor continuo e implacável. O mundo parece girar em uma submissão infernal que aprisiona a existência. A consciência aprisionada guarda segredo. O tempo, nela está. Nela se fecha e não passa. Mente e espírito partem para a plenitude. Face aos outros suas ações são estranhas e a eles pouco se assemelha. O universo esta com ele em sintonia. Não se declina, nem se impressiona, não se apruma, nem venera. É aquele que estende sua mão, mas também aquele que a recolhe, desentendido pela racionalidade.
Tudo se desfaz e se desarma perante sua presença e tudo que se diz soa-lhe como menos, meras palavras que não descrevem a experiência. Só se abre e se revela para aqueles prontos e abertos a recebê-lo. O acaso é negado, pois nada há ao acaso. Os traços se perfazem na escuridão ou na luz. É o caminho que se percorre que o diz.
O buraco em que se encontra foi cavado com as mãos próprias e se nada fizeres, poderá se sepultar a si mesmo no esquecimento, lugar comum para onde muitos vão, se deixão ir ou influenciar.
Sê justo e sincero consigo mesmo e vê a ti mesmo quando se defrontar com o espelho da verdade. Ele mostra a morada do coração, seu desejo mais profundo, busca-o e encontra dentro de ti. Salva-te de ti mesmo e faz-se no paralelo do tempo.

1 Como duelo de Faroeste, segue a continuação:http://gustavocaran.multiply.com/

16/07/2007

Intensa madrugada

O dia acorda, não sabe ainda o ponto de partida ou o de chegada. Acorda em plena madrugada, não acende a luz, fica sobre a luz da lua e bebe um copo d'água. A sede cede ao frescor da água fria do filtro de barro, mas o sono, não se embala. Deita de bruços na cama. Vira-se para o lado direito, para o esquerdo. Fica de barriga pra cima e nada. Tudo lhe parecia incomodo. Uma sensação indescritível de angustia e medo. Tenta então se fixar o pensamento em momentos agradáveis do dia. lhe vem a mente imagens do trafico intenso, do cansaço, nervosismo e espera. Então, passa a retrospectivas da vida. Uma viagem até a infância. Brincando de bola de gude no pátio,estava feliz. Esse pensamento afastou o seu pesar. Olhou para as estrelas, para a lua cheia, fechou os olhos e adormeceu.

29/06/2007

Julio inquieto

Correr, abraçar
Vontade que domina
Imperiosa vontade
que domina
Desejo, busca
Algo que chora e clama,
ascende por dentro
e atravessa como desejo
mas que se imaterializa
na eternidade do pensamento.

25/06/2007

O vazio procura

Diálogos por sinais,
são indicações do tempo.
A porta entreaberta.
Passos coincidentes,
olhares sorridentes.
Impressão do corpo
Que nada dizem.
Tudo roda e dança,
Harmônica expressão.
Vida no não-lugar,
De estar e encontrar
O vazio de si mesmo
Dentro e fora
No próprio ser.

* Poesia dedicada a Ana Cláudia Botelho

31/05/2007

SOS - Linha Verde

TRUM TRUM TRUM! (soa o alarme). Augusta abre os olhos de sobressalto. Senta na cama e olha no relógio. “Ih, pronto”, diz ela com um ar de tristeza, de quem já acordava 20 minutos atrasada. O relógio marca 05h40min. Ela levanta rápido, apressada. Pensa logo na roupa. Simplifica e veste uma calça jeans já batida e uma blusa de malha branca, já pensando na blusa de frio, um casaco bege de liquidação. Senta e calça seu sapato de couro. De pé, Augusta, checa as horas 05h50mim, na hora do café. Vai a geladeira e pega a manteiga e no armário o prato e o pão de forma. 06h10mim. Senta-se à mesa da copa. Passa a manteiga no pão e come em 10 mim. Vai ao banheiro e escova os dentes. Já separa o dinheiro do ônibus e a chave de casa. São 06h20mim e Augusta saí e tranca a porta. Ela desce a rua e leva 10 minutos para subir 3 quarteirões e chegar até o ponto de ônibus. Espera, espera. Ninguém no ponto a essa hora. Demora. 06h34mim e, enfim, o ônibus chega. Augusta trabalha das 07h às 18h em uma loja, na Rua da Bahia, no centro de Belo Horizonte. O ônibus atravessa o bairro e sai na Av. Cristiano Machado. 06h44mim. Do ônibus Augusta pode ver todos os elevados da Linha Verde. A maior parte dos ônibus passa pela pista baixa à direita do elevado, por onde só passa os veículos leves e o ônibus Conexão Aeroporto. Uma fila de ônibus se forma. Todos os ônibus seguem o mesmo trajeto pela Av. Cristiano Machado e o ônibus para em todos os pontos e já demora 25 mim na Avenida. Augusta, angustiada com a espera de todos os dias, pensa se aquela obra, a tal da Linha Verde, que tanto dizem trazer melhorias para o trânsito da cidade, vai mesmo trazer algum benefício para ela, usuária de transporte público. 10 mim depois desse pensamento lhe passar pela cabeça, o ônibus vira a esquerda e segue no bairro Floresta em rumo ao centro da cidade. Augusta chega enfim ao serviço às 07h20mim.

24/05/2007

Receita do Intercom Regional

Ingredientes:

2 colheres cheias de desorganização
1 colher de falta de assesoria
20 xícaras cheias de Paulistas
10 xícaras de Cariocas
10 xícaras de Mineiros de Juiz de Fora
1 xícara de Mineiros de Belo Horizonte

Modo de Preparo

Comece colocando a primeira colher de desorganização, o antes de tudo. Depois, selecione os melhores: paulistas, cariocas e mineiros cariocas (JF) e também alguns mineiros mesmo pra não dizer que ficaram de fora. Misture tudo e junte em Juiz de Fora. Despeje na massa mais desorganização e despeje a falta de assessoria.

Pós-preparo (Notas)

Está pronto o XII Congresso da Comunicação da Região Sudeste, que foi sediado este ano em Juiz de Fora nos dias 16, 17 e 18 de maio. No evento foram apresentados os trabalhos do Expocom Sudeste e artigos de alunos de universidades de diversos estados da região, com uma forte presença de São Paulo. A receita pode funcionar nesse mesmo nesse mixing meio pendente, pois pode tornar possíveis conexões, contatos, relações e discussões entre alunos e os trabalhos desenvolvidos em outras universidades, afinal essa receita toda não é de se jogar fora.

14/05/2007

Olhos cegos

A dor o marca e imprime apatia ao seu olhar. Tenta passar um ar despreocupado que seus olhos desmentem. Sinto o que ele sente: seu desconforto, suas angústias, sua dor; sentimentos tão intensos que me afetam e passam a ser também meus. Sou neste momento parte de seu ser. Meu corpo passa a pedi-lo e rejeitá-lo. Quero-o perto a todo instante, e distante, no esquecimento de si mesmo. Quero-o inteiro e não o tenho.

Mas ele me olha de cima a baixo como se esperasse meu consentimento e meu olhar não consegue dizer não. Quero não querer seus afagos, seus beijos, seu olhar que me atravessa revelando e desvendando. Passar a não significar e sem o sentir perto, junto, dentro de mim. Suas caricias já não tem o significado de antes, sei que é seu desejo que impera e o impele a saciá-lo. Seus olhos me comem, imperiosos de desejo como um lince selvagem que encara a presa. Mãos firmes que me tocam, escorregam, deslizam pelos cabelos lisos descendo suavemente a percorrer os seios firmes enrijecidos ao toque, percorrendo o corpo, estremecido de desejo. Saber e sentir sua dor leva a me alimentar de seu desejo. Uma momento apenas que se prolonga no subir e descer da tentação.

Ele é o predador, eu a caça. Quer me comer e desejo ser devorada, ansiosa pela morte. E o que morre são os sentimentos num devorar atros. A consciência me atormenta e a lucidez me causa repulsa. Resta-me o desprezo a ele como a um verme imundo que me toca, lambuzado de gosma. Não se escondem o nojo e desgosto estampados em minha face. Ele o percebe, para um pouco e pergunta se deve parar. Balanço a cabeça, discordando meu corpo todo pede por ele, quer prosseguir. Não o rejeita apesar do nojo. Não é seu corpo que me repele, sua pele, seu toque, mas a dor que dele sinto. Atormenta-me e nos devora. Ele sofre e eu sofro, meu corpo não se desenlaça dele, meu pensamento não afasta de sua imagem, seu gozo e sofrimento.

E num último suspiro de dor lanço versos para o infinito.
Gritos surdos ecoam na noite. Sou eu que te clamo e não me escutas. Escuridão, silêncio. Palavras que se calam nos seus gestos que me revelam.
Olhos profundos que cintilam em minha mente. Afogando-me em seus beijos quentes. Eu a dizer : Te quero somente.
As sombras da solidão me seguem os passos. Triste mas belo sorriso que me acompanha. No embalo da paixão não há quem perde, quem ganha, estamos todos perdidos e entregues as suas artimanhas.
Vozes, palavras soltas, frases descontínuas. Sons, emissões vocais ouvidas ao longe...que irritam seus ouvidos. Vocifera pensando na fragilidade do silêncio, na incapacidade das pessoas de se calarem. Não suportando o silêncio expondo suas imperfeições, seus desgostos, sua deficiência e fragilidade humana, quebram com o desconforto tratando de banalidades. Emitidas palavras vazias de gosto, triviais. Saídas banais vestidas pela naturalidade.

06/05/2007

Teoria da Inutilidade

O mundo poderia parar de girar de vez em quando. Ele não para, eu não paro, nada fixa, tudo muda o tempo todo. O concreto faz barulho! O tijolo estala! A água da chuva cai na lona da construção. Se parar pra ouvir, tudo diz alguma coisa. Cada louco escuta uma fração desses inúmeros sons. Se por alguns minutos se ficar parado no meio da mata pode-se escutar tudo (os sons da natureza) e nada (ninguém) ao mesmo tempo. O tesouro precioso do silêncio. Calam-se os infames, os imbecis, os que se pensam super e os comuns, para nada mais se ouvir. Tempo de nada dizer a ninguém e dizer tudo para si. Contar seu conto, narrar a própria história. Tempo que muitos podem ver como do ócio, um tempo que parece inútil, mas que nesse tempo se contrói o castelo de dentro para fora, a pilha de tijolos que vai erguendo e dando forma as paredes do castelo interior. E depois o tempo de deixar extravasar o mundo construído para o mundo do vivido. Poucos minutos que podem se prolongar por muito, dependendo dos usos que se faça deles. Um tempo de fazer-se no tesouro do silêncio.

05/05/2007

Pablo Neruda - La canción desesperada

Emerge tu recuerdo de la noche en que estoy.

El río anuda al mar su lamento obstinado.

Abandonado como los muelles en el alba.

Es la hora de partir, ¡oh abandonado!

Sobre mi corazón llueven frías corolas.

¡Oh sentina de escombros, feroz cueva de náufragos!

En ti se acumularon las guerras y los vuelos.

De ti alzaron las alas los pájaros del canto.

Todo te lo tragaste, como la lejanía.

Como el mar, como el tiempo. Todo en ti fue naufragio!

Era la alegre hora del asalto y el beso.

La hora del estupor que ardía como un faro.

Ansiedad de piloto, furia de buzo ciego,

turbia embriaguez de amor, todo en ti fue naufragio!

En la infancia de niebla mi alma alada y herida.

Descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Te ceñiste al dolor, te agarraste al deseo.

Te tumbó la tristeza, todo en ti fue naufragio!

Hice retroceder la muralla de sombra,

anduve más allá del deseo y del acto.

Oh carne, carne mía, mujer que amé y perdí,

a ti en esta hora húmeda, evoco y hago canto.

Como un vaso albergaste la infinita ternura,

y el infinito olvido te trizó como a un vaso.

Era la negra, negra soledad de las islas,

y allí, mujer de amor, me acogieron tus brazos.

Era la sed y el hambre, y tú fuiste la fruta.

Era el duelo y las ruinas, y tú fuiste el milagro.

Ah mujer, no sé cómo pudiste contenerme

en la tierra de tu alma, y en la cruz de tus brazos!

Mi deseo de ti fue el más terrible y corto,

el más revuelto y ebrio, el más tirante y ávido.

Cementerio de besos, aún hay fuego en tus tumbas,

aún los racimos arden picoteados de pájaros.

Oh la boca mordida, oh los besados miembros,

oh los hambrientos dientes, oh los cuerpos trenzados.

Oh la cópula loca de esperanza y esfuerzo

en que nos anudamos y nos desesperamos.

Y la ternura, leve como el agua y la harina.

Y la palabra apenas comenzada en los labios.

Ese fue mi destino y en él viajó mi anhelo,

y en él cayó mi anhelo, todo en ti fue naufragio!

¡Oh, sentina de escombros, en ti todo caía,

qué dolor no exprimiste, qué olas no te ahogaron!

De tumbo en tumbo aún llameaste y cantaste.

De pie como un marino en la proa de un barco.

Aún floreciste en cantos, aún rompiste en corrientes.

¡Oh sentina de escombros, pozo abierto y amargo.

Pálido buzo ciego, desventurado hondero,

descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Es la hora de partir, la dura y fría hora

que la noche sujeta a todo horario.

El cinturón ruidoso del mar ciñe la costa.

Surgen frías estrellas, emigran negros pájaros.

Abandonado como los muelles en el alba.

Sólo la sombra trémula se retuerce en mis manos.

Ah más allá de todo. Ah más allá de todo.

Es la hora de partir. ¡Oh abandonado!

01/05/2007

O vôo da memória...

Tomar uma distância das coisas, pode nos fazer vê-las sob novas pespectivas. Isso pode não parecer novidade, mas muitas vezes surpreende, nos tolos mortais. Tenho pensado muito nisso e passo a acreditar muito na força que esse olhar distante pode ter; ás vezes, uma simples caminhada de alguns passos longe do objeto do trabalho pode fazer saltar idéias, ou mesmo, respostas óbvias por um instante esquecidas. A memória é falha, seletiva e ela é nossa caixinha de surpresas, que carrega muitas emoções, sentimentos, associações, imagens e histórias dentro, tanto individuais quanto coletivas. Um exemplo, dessas peças que a memória pode nos pregar, me aconteceu a menos de uma semana. Entreguei um trabalho, por ter mesmo que entregar, questão de dead line, prazo mesmo, e só depois fui perceber quantas coisas poderia acrescentar, algo que só me veio depois de o prazo de entrega concluído. E isso acontece sempre e haveria mesmo de aocntecer. Já imaginou o que seria de nós se lembrassemos de tudo o tempo todo? Acabaríamos vivendo e revivendo tudo o tempo todo e isso poderia ser uma mostra do inferno, pois reviver todas as sensações, ter todos os pensamentos que apetecem o tempo todo seria algo insuportável a nível do humano, para ser assim, só mesmo se fossemos máquinas que trabalhassem initerruptamente, mas aí, é certo que perderíamos nossas particularidades. A memória estaria caindo no abismo que ela mesma gerou, as histórias que cada um vive e conta a si mesmo, construído sua narrativa, seu conto pessoal, seriam, talvez, estranhamente similares. Estaría a memória perdida hoje em meio a tanta propagações de coisas. Como fazer um resgate dessa memória, estaria ela mesmo perdida?

AP modo zombie


Abhorrent Pain-Consumed Orphan-Nabbing, Drifter-Eating Slayer from the Sunless Abbey


Get Your Monster Name

28/04/2007

A fala do silêncio e o nada

Caminhávamos em silêncio, apreciávamos o silencio, era como se ele falasse por nós, não precisávamos dizer nada só contemplá-lo. Depois de algum tempo, notei uma certa inquietação da parte dela, parecia que aquela quietude a incomodava.

E eis que passamos a atirar palavras sem propósito, sem ela dizer o que realemnte a aflingia:

A.P
- O mundo anda muito maluco. Todo dia manchetes de jornal dizendo que fulano de tal matou ciclano sem motivo. De onde vem isso?

Crazychat
- Acho que, talvez, por não expressarmos nossos sentimentos. Escondemos nossa raiva, ódio e rancor e isso vai se acumulando dentro da gente, até que um dia você não se agüenta mais e estoura os miolos de alguém, acaba explodindo com qualquer um.

A.P
- Eu não acho que seja assim, nem todo mundo reage da mesma maneira não. Um sujeito pode se irritar muito com o outro e não dizer palavra. E outro pode simplesmente apontar uma arma para a cabeça do desaforado e sair atirando.

Crazychat
- Não faz diferença, quando alguém te ofende ou rejeita como você reage ? Você pode não dizer merda nenhuma, mas por dentro está se remoendo de ódio, pensa em fazer um monte de coisa que você não pode fazer.


A.P
- É assim com muita gente, mas nem todo mundo saí por aí atirando em tudo que vê pela frente. Se todo mundo o fizesse seria o fim da raça humana.


Crazychat
- O que eu estou dizendo é que tem de haver um jeito para aliviar a pressão, para descarregar a raiva, a opressão, as frustrações em alguma coisa.


A.P
- Nada há mais capaz de aplacar isso, entramos em um buraco sem fundo, para isso não há um refugio.